Little things that makes it al worth it....

Quando você acha que está tudo perdido, que a humanidade tá perdida ou até que seu dia foi pro caralho, acontece uma coisinha que faz tudo mudar. Hoje aconteceu isso comigo.

Dona Cristina iluminou meu dia no final dele. Deixa eu começar do começo.

Há duas semanas atrás eu estava enfiada no 225 vindo pra casa, busão lotado, como sempre. Em pé estavam 3 senhorinhas, bem senhorinhas e sentados estavam 3 moleques, bem moleques. Depois de uns cinco minutos olhando aquela cena eu, gentilmente falei:

"Ae brother, na moral...vocês poderiam dar o lugar pra essas três senhorinhas aqui ó"

Eles ficaram sem graça, mas, com o busão todo olhando, eles deram lugar. As três velhinhas se sentaram e ficaram muito gratas, quase brigaram pra ver quem segurava minha bolsa. Dona Cristina ficou com ela. Com a minha e de mais umas 4 moças que estavam em pé, ela queria era segurar bolsa.

Começamos a conversar, eu já NEM gosto de bater papo, e falamos sobre como essa rapaziada da minha idade tá mal educada para caralho. Na descida do alto uma das senhorias me deu o lugar dela, ela ia descer no próximo ponto, ela se levantou, passou a mão na minha cabeça e falou "Você é uma menina muito especial, espero que passe isso pros seus filhos"

Sentei ao lado de Dona Cristina, foi ai que fiquei sabendo seu nome. Ela mora no Andarai, trabalha na fábrica da Elle Et Loui (?) e costura pra fora. Peguei o telefone dela e continuamos a conversar. Como toda velhinha simpática, ela disse que eu tinha um rosto muito bonito e disse que eu deveria emagrecer, perguntou se eu comia muita besteira.

Falei que sim. Falei que minha bala favorita era Mentos. Chegou meu ponto, Dona Cristina me deu um beijinho na testa e me deu e benção pra ir pra casa.

Nisso já se passaram quase duas semanas.

Hoje estou no 234, lotado, de pé, de salto alto, cansada e bla bla bla...meu ponto foi se aproximando e eu passando por cima de todo mundo, tinha uma filha da puta com uma mala, um cara meteu o cotovelo na minha cabeça, o motorista freiando que nem um corno e eu tenho CERTEZA de que arranquei o dedo do pé de alguém com o salto da bota.

Cheguei lá atrás, na saída do ônibus. Sinto uma mãozinha puxar meu casaco. Era Dona Cristina sentadinha e sorridente, me puxou pelo casaco e me deu um beijinho na testa, perguntou como eu estava e a família, isso tudo com um lindo sorriso na boca. Logo tive que me despedir dela, o ônibus quase parando, ela coloca a mão dentro da bolsa, pega alguma coisa e coloca na minha mão:

"Comprei no dia seguinte, estava guardando para te entregar quando nos encontrassemos de novo"

Olhei o que estava na minha mão, era a bala Mentos.

Com os olhos marejados eu agradeci com um beijo no rosto e um afago no braço dela. Desci do ônibus com um sorriso no rosto, parecia que tinha ganho uma fortuna. Acho que ganhei mais do que isso, o meu dia com certeza eu ganhei.

Venho subindo a rua ainda chorando e rindo. Abro minha balinha e coloco uma na boca. Puta que pariu, era Mentos de Canela, a que única que eu não suporto, mas a história por trás dessa balinha fez com que eu nem me importasse, foi uma das balinhas mais gostosas que eu já comi.